Em campanha salarial, os bancários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir de hoje em todo o País. O objetivo é forçar os representantes dos bancos a melhorar a proposta de aumento real de salários da categoria, cuja data-base para renovação da convenção coletiva de trabalho é 1.º de setembro.
A paralisação foi decidida em assembleias realizadas ontem à noite por sindicatos de bancários no País, que rejeitaram a proposta de reajuste de 8% apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) sexta-feira. Até as 21 horas, a greve já havia sido aprovada em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Campo Grande e Estados como Mato Grosso, Paraíba, Alagoas, Ceará, Piauí e Espírito Santo.
O índice de 8% representa aumento real de 0,56%, além da reposição da inflação de 7,4% acumulada nos últimos 12 meses. 'É muito abaixo da reivindicação de 12,8% (5% de ganho real mais a inflação)', afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
O sindicalista aponta ainda que a proposta não contempla a valorização do piso da categoria, não amplia a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nem traz avanços em relação às reivindicações de emprego e melhoria das condições de trabalho.
'É uma proposta muito baixa, especialmente se comparada aos elevados lucros alcançados pelos bancos no primeiro semestre, que chegaram a mais de R$ 27,4 bilhões', afirma Cordeiro.
A Fenaban considera 'fora de propósito' a greve dos bancários. Em nota, a entidade argumenta que a proposta apresentada à categoria prevê reajuste a todos os salários, pisos salariais, benefícios e PLR em 8%. Alega ainda que o calendário de negociações apresentado pela Contraf está sendo cumprido e não há impedimento ao prosseguimento das negociações. 'Desde o início, a Fenaban se manteve aberta ao diálogo e apresentou duas propostas econômicas em apenas uma semana', diz a nota.
Para a Fenaban, qualquer atitude que dificulte o atendimento de usuários é condenável, principalmente quando a negociação pode continuar e evitar qualquer paralisação. Aos clientes bancários, a entidade lembra que muitas agências funcionarão normalmente e vários outros canais de atendimento (internet, telefone, terminais de autoatendimento e correspondentes) permitirão a prestação de serviços. Ressalta, contudo, que sempre é um transtorno para quem quer utilizar uma agência específica e a encontra 'bloqueada pelos piquetes ilegais dos sindicatos'. Os bancos foram orientados a buscar todos os meios legais para garantir o atendimento da população.
'Com a força da greve nacional, esperamos conquistar uma proposta decente', diz Cordeiro. 'Contamos com o apoio e a compreensão dos clientes e usuários, que sofrem com as altas taxas de juros, as tarifas exorbitantes e as filas intermináveis pela falta de funcionários.'